Idílio
Hoje sinto a solidão como se fosse
uma árvore solitária no pasto
cujas folhas mais baixas foram comidas pelo gado,
podada em linha reta.
Aparada dessa maneira peculiar
sem aparente razão
a árvore apenas permanece curiosamente
posta sozinha naquele lugar
sem aparente objetivo.
Já o gado, que nunca vejo quando olho para a árvore
— e portanto para mim invisível —,
age inconsciente e talvez a única coisa que sinta
ao não poder alcançar além e comer todas as folhas
seja apenas a vontade de achar outra árvore.