O ponteiro vermelho
O ponteiro vermelho está incomodado.
De minha inércia contemplativa
percebo seu esforço para sair do lugar
e sua cara feia ao ter de parar
um segundo depois.
Penso melhor.
O ponteiro vermelho está inquieto.
Seus passos vai-e-vem
segundo a segundo
ecoam no silêncio
no silêncio da existência de nós dois.
Fecho os olhos e tento entendê-lo.
O ponteiro vermelho está indeciso.
Anda.
Pára.
Pensa.
Avança.
Tenho sono.
O ponteiro vermelho está entediado.
Seu caminho circular
não leva a algum lugar.
Seu tempo imaginário
está absurdamente contado.
Acordo e olho o relógio.
O ponteiro vermelho está vermelho.